Como estrategiar Exposição e Carreira

A partir de diversas experiências com o sistema de Arte e analisando o cenário artístico local, elaborei uma série de idéias sobre possíveis caminhos de articulação entre Arte e Mercado.
Não são idéias definitivas ou situações ligadas ao rigor teórico da área, mas uma busca prática e honesta por qualificação e potencialização de resultados, que numa análise geral, enfraquecidos por ações banalizadas, têm se mostrado desgastantes e pouco frutíferos.
Assim, desejando melhorar seus resultados como profissional da Arte, convido-o/a para uma Análise de Produção em Arte, onde pensaremos juntos(as) sobre os assuntos abaixo.
Esta conversa é profissionalizante, qualificadora e particular, com aproximadamente 2 horas de duração, inclui chá com biscoitos no meu ateliê, agendado por e-mail em final de semana, ao custo de R$ 25,00.
Seguem os tópicos estratégicos
1. Mercado x Processo Artístico são conceitos compatíveis?
Podem ser compatíveis ou não dependendo de que tipo de arte você faz.
Seu processo artístico inclui o mercado? De que forma?
Que tipo de público você deseja trabalhar?
Processo artístico sofisticado = público/mercado institucionalProcesso artístico convencional = público/mercado convencional
2. Elementos de Apresentação no Sistema e no Mercado
Localizar seu nicho – que tipo de arte você está fazendo, quem faz coisas parecidas com o que você faz, que tipo de processo você tem.
Você consegue se ver?
Construção da identidade artística: seu nome é sua marca, cartão de visitas com formas de contato, qualidade de portfólio – fotos & textos, o blog e sua divulgação.
Como lidar com os custos de produção – Uma rede de contratos de risco.
Escambo de interesses.
3. A Banalização do Sistema - O que acontece?
Montagem da divulgação – interatividade web x contatos pessoais pessoa-a-pessoa
A profusão de exposições x os convidados de sempre x a vernissage "festa"
4. O Laboratório Bienal B - O que ela ensinou
Montagem de uma exposição.
Tempo de divulgação.
Trabalho na pré-produção.
Como se diferenciar.
Como usar a mídia.
Como trabalhar depois da vernissage.
Menos Quantidade Mais Qualidade
É muito importante se localizar e definir que tipo de público/mercado você deseja atingir para estabelecer a estratégia correta de exposição dos trabalhos, mas em qualquer categoria, tempo de produção e criatividade são imprescindíveis. Fugir do lugar comum e dos sistemas pré-estabelecidos vigentes será fundamental para criar uma atenção diferenciada para seus trabalhos e, assim, possibilidades comerciais ou mesmo de destaque entre o público especializado. Tenha cuidado ao definir seu nicho de trabalho, pois não adianta você ser pintora de paisagem e querer competir comarte conceitual, igualmente será frustrante e trabalho em vão. Não gaste seus recursos querendo fazer tudo e participar de tudo. Resista e invista seus esforços numa estratégia bem pensada, criativa e altamente personalizada. Dá muito mais trabalho e demora, mas efetivamente trará resultados e satisfação.

Uma Bienal para Porto Alegre

Previsões e expectativas para a VII Bienal do Mercosul

Um dado importante à respeito de Porto Alegre, e que tem uma relação direta com o resto do país e com o mundo, é seu avanço como pólo de desenvolvimento cultural e artístico. Reconhecidamente exportadora de talentos musicais, famosa por sua Feira do Livro, com movimentos/eventos de teatro completando década de (re)existência, agora, mais que nunca, mostra-se em plena consolidação como pólo referencial em artes visuais.

De Bienal em Bienal foram sendo sedimentadas as estruturas que descambaram numa VI Bienal do Mercosul pioneira pela implantação de um projeto pedagógico com repercussões mundiais, por toda a rede de ensino regional e evento cuja trajetória lastreou iniciativas de levante da cena artística local como as paralelas ESSA POA É BOA e BIENAL B.

2009 é ano de Bienal do Mercosul que desde sua última edição vem refletindo sobre suas relações não apenas com a arte propriamente dita, mas como sua presença afeta o público local. Tenho certeza que os diálogos que se estabeleceram entre uma Bienal que buscava a legitimidade globalizada e os movimentos artísticos paralelos locais construídos com linguagens alternativas e populares, foram experiências assimiladas e recodificadas para a seleção da nova curadoria e construção da VII Bienal do Mercosul e vejo nisso um dado relevante e positivo.

A nova curadoria é um binômio entre o conhecimento teórico, fresco e firme de Victoria Noorthoorn e a "mão na massa" didádica artística com tempero publicitário de Camilo Yáñez. Junte-se a vontade e a importância de retomar uma aproximação de suas relações com Porto Alegre, com o Rio Grande do Sul, crucial para uma legitimação local e conceitual, inclusive junto aos alunos que pretende atingir, e teremos as bases da nova Bienal que se aproxima. Nas palavras da curadoria, percebe-se um movimento de expansão/retração em looping, que pretende se referenciar em Porto Alegre como ponto de retração máximo, expandindo-se para o global para justamente ganhar distanciamento e observar nossa Porto Alegre/Rio Grande do Sul no contexto internacional. Olhares de entorno e de umbigo, que pretendem fazer o público olhar para o centro, para si e para sua posição com o resto. Isso é importante e muito educativo.

Se a curadoria promete intensificar o desenvolvimento pedagógico através da qualificação de equipes do evento e rede docente regional, imagino que a associação da experiência embutida na curadoria com a experiência assimilada dos processos paralelos, subsidiadas por uma intensa campanha de publicidade e informação, fará florescer uma intensa produção de material gráfico interativo e de internet, no que acho muito interessante prestar atenção às relações de design que serão associadas ao processo e já antecipo parabéns pela acessibilidade que imagino que esse material terá.

Tudo isso soma e será positivo para "re-enfiar" conceitos artísticos no desenvolvimento do conhecimento escolar, tão importante para a construção de público consumidor de arte. Tomara que funcione, que o público realmente se identifique com as estratégias que serão criadas e participe ludicamente. Acredito que esse tempero calcado em marketing de guerrilha com bastante design subliminar possa fazer diferença em tempos das novas gerações de adolescentes informatizados.

A curadoria da nova Bienal do Mercosul, em sua apresentação inicial, mostra interesse, ainda, em ampliar os campos da próxima Bienal para a literatura e a arquitetura. No campo literário espero que seja mais em relação à própria linguagem, que se volte para um discurso mais sintonizado com o público em geral, crie situações de linguagem popular, ou que seja relativo à publicações artísticas e didáticas. Não gostaria de ver misturado Feira do Livro ou saraus de poesia com bienal de arte. Acredito que é necessário foco na Arte em si. Livro, música e teatro, tudo muito legal, mas cada um no seu quadrado, com respeito às identidades conceituais de cada área. Mas isso eu posso ter entendido mal e é só uma divagação...o tempo irá revelar melhor essa relação.

Por outro lado, acredito que os pontos relativos à arquitetura que os curadores pretendem abordar sejam muito bem vindos em vários aspectos. Sim, Porto Alegre tem suas belezas arquitetônicas particulares, que lhe dá personalidade e identidade específica em sua relação com o espaço global e além disso, estaremos resgatando e valorizando esse aspecto cultural muitas vezes desprezado e bastante depredado/dilapidado ultimamente. Claro que a relação entre a Bienal e o Museu Iberê Camargo é forte fator de estímulo a que essa questão seja relevante na próxima temporada, e acredito que teremos uma parceria peculiar nesse sentido, mas ok...se torna válido se levarmos em conta a representatividade arquitetônica internacional que o NOSSO museu em Porto Alegre representa. Quem sabe em breve, assim como São Paulo, não teremos uma bienal de artes com uma bienal de arquitetura, movimento que já vem sendo sonhado pelo nosso IAB faz um tempinho e que talvez fosse uma boa oportunidade de transdiciplinaridade das relações de mercados de ambas as áreas?...heim? heim? Ideiazinha pra detrás da orelha né?...

Sim, 2009 trará uma Bienal do Mercosul feita para Porto Alegre, para as crianças e adolescentes do Rio Grande do Sul, e espero que toda essa operação cultural respingue nos esforços da classe artística local, brava gente brasileira, que também está na expectativa dos diálogos que possam se construir e fomentar, de um sistema de artes mais humano, mais popular, mais democrático, que não seja apenas um mercado para poucos, mas uma dinâmica e desmitificada aproximação entre público e arte gerando "um lugar ao sol" para todos os seus profissionais e agentes, principalmente estes, que vivem em Porto Alegre.